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quarta-feira, 25 de julho de 2012

ORAÇÃO DA NOITE

Escrita nos idos de 1945, na cidade do Rio de Janeiro, e destinada para coro misto e contralto solista, a música Oração da Noite, de Brasílio Itiberê (1896/1967), compositor, folclorista, membro fundador da Academia Brasileira de Música, tem os versos do poeta paranaense Emiliano Perneta (1866/1921).
A leitura musical da Oração da Noite é longa. O movimento inicial é suave (semínima = 66). O final se desdobra em pianíssimo, molto pianíssimo.
A leitura da letra menciona que a noite chegou. A sombra envolveu o vale, a montanha e o mar. É o momento que antecede ao sono. É hora de rezar. O clima é bastante favorável. A quietude das horas é um estímulo suave e ameno.
O pai de Maria conduz a singela cerimônia familiar convidando-a ajoelhar ante as estrelas e bendizer inicialmente a luz que a criou como a mais formosa dentre as mais formosas mulheres do vale.
A oração prossegue bendizendo a terra e aqueles pobres e mansos animais: a ovelha que deu a lã que cobre o corpo dela e o boi que ajudou no campo a ganhar o pão. Não apenas ao boi, mas também a todos aqueles que trabalham com o arado.
Há um convite para ver como a noite está silenciosa, mergulhada em doces e suaves mistérios que nos despertam a sentir o paraíso que está nas estrelas. No plácido recôndito onde Maria reza, a lua misteriosamente apareceu. Talvez nem soubessem que era dia de noite de lua cheia.
O momento reflexivo estimula abençoar a carícia do sono que chega suavemente junto aos olhos nus de Maria e como diz a canção: “mais leve que uma folha de outono, mais leve que o som, mais leve que a luz”. Sentindo a quietude das horas, o pai nem se lembra que o som, dentro dos movimentos musicais, possui também o movimento forte.
A oração finaliza sintetizando um convite a todos que estão numa atitude meditativa em busca do alívio para suas dores:
“Basta que a tua dor venha do fundo d'alma, basta ergueres o olhar, basta ergueres a voz e logo tu verás como tudo se acalma. Oh! Jesus! Oh! Senhor, tem piedade de nós.”
Blog  Fernando Pinheiro, escritor
Site   www.fernandopinheirobb.com.br

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