CÂNTICO DE AMOR
Do ciclo Três Cânticos de Amor, texto e música de Almeida Prado, o
primeiro Cântico de Amor, possui movimento suave e lento que se destaca na
leitura musical. O final morre em pianíssimo. A música, numa linguagem transtonal,
é quase um canto-chão com melismas simples.
A letra da música dá-nos a ideia
de alguém, vivendo desolado e triste, que foi redimido da solidão por um grande amor. A mulher amada, tocando os ombros
dele, o fez ficar feliz. Ele pensou em não respirar para não assustar o pouso
das mãos dela que pareceu a de um pássaro.
A letra ainda fala dos olhos da
mulher amada que ancoraram feitos navios, perto o horizonte, porque o amor elimina
a distância. Os cabelos da mulher sobre os ombros parecem uma árvore frondosa
que espalha sombra amena, carinho que faz brotar uma fonte. A metáfora
finaliza: “Agora são rios de uma intensa força, nada impedirá que estas águas
inundem as terras do teu coração.”
Nascido em Santos, José Antônio
Rezende de Almeida Prado, da mesma família de Vicente de Paula de Almeida Prado
(presidente do Banco do Brasil: 14/9/1931 a 16/11/1931), foi aluno de grandes
mestres da música: Camargo Guarnieri, Osvaldo Lacerda e Olivier Messiaen.
Consagrado no Brasil e no exterior, é o autor de Pequenos Funerais Cantantes
(1° lugar no Festival de Música da Guanabara), Prêmio ESSO de Música Erudita,
Ars Nova, etc.
Lembrando-nos da trilha
percorrida pela mulher à procura do seu amado de que nos falam os Cânticos dos
Cânticos, do rei Salomão, a música e a letra sugerem-nos a descida ao jardim
das nogueiras, e de uma pedra brotou a fonte que fez florir as vides e fez
brotar as romeiras. A solidão da água da fonte agora flui, em profusão,
planície abaixo, beneficiando as searas.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
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