CANÇÕES DO VENTO
Destinadas para voz grave e piano, as Canções do Vento (Elegia, O Vento é
quando? e Quem me dirá quem sou?), de Bruno Kiefer, têm os movimentos tempo
justo (semínima = 92), (Elegia), moderato, semínima = 76 (O Vento é quando?) e
tranquilo, semínima = 72 (Quem me dirá quem sou?).
Na primeira canção do vento (Elegia), a letra é de
Ribeiro Couto (1898/1963), poeta santista, membro da Academia Brasileira de Letras.
A segunda canção (O Vento é
Quando?) traz a letra do poeta Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de
Letras. A terceira canção (Quem me dirá quem sou?) tem os versos do poeta
português Fernando Pessoa.
A Elegia, o canto primeiro das
Canções do Vento, inicia indagando o que quer o vento, como se fosse alguém
vindo das praias desérticas que chega, nas horas frias, batendo à porta,
querendo entrar. O poeta santista diz que as invisíveis bocas dos mortos andam
de ronda, em longo queixume. E depois de morto, virá acordar a sua amada em
carícias perfumadas de flores que o vento da primavera carrega.
Na hora do sono, morte parcial
que vivemos todos os dias, quantas vezes, o nosso corpo astral saiu do corpo
físico para entrar em ambientes que nos atraem e seduzem, até mesmo nas casas
de nossos amores que nos alegraram a vida nesta e em outras dimensões!
A vida, apesar de ser única, é
múltipla, em suas formas e conteúdos. E quem garante que, após o desenlace da
matéria, não iremos vagar à busca de encontros felizes?
A letra do poeta Carlos Nejar, contida na segunda
canção, revela-nos que o tempo é quando depois de ter amado, depois de ter
lutado. Em ambas as circunstâncias, a sensação de calma mergulhada numa leveza
e quietude e relaxamento.
A letra da última canção vem nos
versos de Fernando Pessoa que lamenta a perda de vitórias e de sonhos de amor
em situações que não queríamos, na hora certa: “... que vitórias perdidas por
não as ter querido! / Quantas perdidas vidas! E o sonho sem ter sido...”
Realmente, deixamos de realizar
planos e ideias que poderiam ser de grande proveito para nossa vida, apenas
porque não sabemos o momento oportuno.
A época em que o poeta Ribeiro
Couto (1898/1963) escreveu a letra da canção era diferente a dos dias atuais.
Atualmente, com a sacralização do
planeta, o vaguear de almas penadas está acabando porque, mesmo com os vínculos
do passado com os comparsas, elas não permanecem mais na psicofera terrestre,
sendo conduzidas por suas próprias vibrações a mundos afins que, logicamente,
possuem a mesma densidade em que vivem.
No entanto, o que sobressai nas
letras das Canções do Vento é o amor.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br
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