Na caminhada os primeiros passos não são tão ágeis quando estão em plena
evolução. É nestes instantes que se vê a importância de compreendermos os
movimentos que começamos a empreender.
O lugar e a hora, as
pessoas e as circunstâncias têm pontos definidos que marcam a situação em que
nos encontramos.
Realidade questionável pela curiosidade humana, a vida
não se deixa conduzir pelos caprichos de quem deseja resultados pessoais que
isolam a participação daqueles que a compõem.
Se há risos ou
lágrimas, há também participantes ligados entre si. O eco repercute em espaços
que possuem condições de recebê-lo.
Assim como a comida passa pela temperatura e tempero
que dão sabor ao paladar, a convivência humana igualmente requer a união do
temperamento de cada indivíduo, colocada ao calor que não queima nem esfria.
As posturas
individuais passam por um denominador comum que filtra a parte que interessa ao
grupo social, visando sempre o bem-estar, o equilíbrio, as condições de
segurança para prosseguir em frente.
Todos precisam de um
referencial, uma norma de conduta que regulamente os interesses coletivos. É
nessa linha que as sociedades humanas se fundamentam.
Sabemos que são
normas gerais que sintetizam as necessidades existenciais (deveres e direitos)
capazes de promoverem o equilíbrio social.
Isto se justifica
porque existem temperamentos humanos que precisam ser abrandados pelo rigor da
lei. A selvageria é um estado normal em que muitos animais vivem, mas a
condição humana não pode mais absorver esses reflexos que pertencem ao outro
reino.
A disciplina foi
sempre a imposição da lei diante dos fatos que causam prejuízos à sociedade.
Nós sabemos que não abrange os menores gestos que passam despercebidos. Quem
pode punir o pensamento, o olhar de desamor que se esconde no silêncio?
As implicações no
relacionamento humano têm uma abrangência bem maior. Todo cuidado é necessário
quando participamos da convivência social, no grupo familiar ou no de trabalho
remunerativo.
Se há informações
esclarecedoras, divulgadas pela televisão, a respeito do funcionamento do
cérebro e do sistema nervoso, podemos ver quanto é importante não contribuir na
formação dos desarranjos que passam aqueles que possuem um aborrecimento, um
susto capaz de ser transformado em trauma.
Não podemos
igualmente distribuir, sem nenhum critério, esclarecimentos a todos que passam
por nós curvados pelo peso das aflições. Há de se observar as condições que nos
favorecem a hora, a fim de não desperdiçarmos os talentos.
Jogar as sementes nos
lugares áridos, que nos falam as parábolas, seria o mesmo que as
desconhecêssemos. O tempo é um tesouro inestimável. Há terrenos que estão se
recompondo para receber as boas sementes capazes de se reproduzirem em bons
frutos.
Apesar de o tempo
atual ser de urgência, diante de tantas necessidades, não temos pressa em
manifestar aquilo que sentimos úteis à renovação de posturas humanas que se
decompõem.
A nossa hora virá,
como vêm as estações, a luz de cada dia e todos os ciclos que se renovam,
sabendo que a colheita dos dias anteriores não será acumulada em proveito
próprio nem se perderá pela estagnação.
O movimento das forças evolutivas abrange a todos e ganha maior dimensão
naqueles que estão dispostos a acompanhá-lo. E como tudo está interligado, os
benefícios se expandem àqueles que souberem aproveitar a oportunidade de
conviverem juntos de seus companheiros que lhes indicavam o caminho.
Blog
Fernando Pinheiro, escritor
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