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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SONHEMOS

 
Destinada para canto e piano, a música Sonhemos foi escrita pela compositora Henriqueta Rosa Fernandes Braga (1909/1983), musicista, maestrina, professora da Escola de  Música da UFRJ, nos idos de 1930 a 1970, membro da   Academia  Nacional  de  Música.
A aura musical da compositora que iluminou, durante 4 décadas, o caminho de gerações de jovens estudantes e   artistas, na canção Sonhemos, estende uma luz sonora no  movimento Andante con espressione. O do final é forte como   forte  é  a  mensagem  da  letra  que  o  acompanha.
A letra de Sonhemos, que ganha a forma de um belíssimo soneto, é de autoria do escritor maranhense Humberto de Campos (1886/1934), imortal da Academia Brasileira de Letras. 
Imensamente rica de ensinamentos que norteiam o caminho de quem passa nesta vida carregando dores e sofrimentos, a letra  da  canção  é  uma  bússola.
Usando uma linguagem comparativa de parábolas, Humberto de Campos apresenta-nos um lago quieto que é  despertado por uma pedra nele lançada. A água se abre num súbito receio, e  ferida, arrepia-se como uma pessoa que sente o sofrimento  invadir-lhe a alma.
Quando  a  pedra  afunda,  um  círculo  se espalha  em suaves ondulações em direção da beirada e, por tanto se abrir, a água do lago volta a ficar sossegada. Imagens ideoplásticas que servem como exemplo de catarse, terapia que faz colocar para  fora o que no íntimo afoga.
Diante da dor e do sofrimento que se reflete no rosto de pedra, como a da esfinge no deserto, o poeta maranhense indica, aos que sofrem, o caminho para sair do sofrimento. Basta abrir o  círculo  dos  sonhos  que  todos  têm.
Os sonhos são importantes: tanto aqueles que vêm da noite em  que adormecemos como aqueles que vivemos  de olhos abertos, misturando-se à realidade tangível dos sentidos. Em ambos há  avisos que nos indicam o caminho do nosso destino que criamos, no roteiro que já existe, a  cada  instante  da  vida.
Abrir os círculos do sonho é o mesmo que vivermos o que se passa em nossa alma, em nosso ser mais profundo, onde a sabedoria deslinda os enigmas que defrontamos nos caminhos por onde passamos ou ficamos detidos em circunstâncias que  revelam  um estado emocional que nos eleva a um grau de  consciência  superior.
        
      Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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