Páginas

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

TEMPESTADES TROPICAIS


Quando a criatura humana se desliga de um casamento, novos horizontes se abrem para lhe mostrar uma realidade que não estava programada quando subiu ao altar. Toda felicidade que sentia era derramada entre flores e sorrisos, alianças e bençãos, um ninho de afetos.
A separação de casais tem um ar de surpresa, de descrença de sonhos desfeitos, de estagnação, de ponto morto que aguarda um impulso para trocar de marcha.
O clima primaveril das horas se defronta com os ventos fortes e turbulentos que promovem as tempestades tropicais, onde se vê telhados de casas serem arrancados para espelhar o que se passa nos lares desfeitos.
São poucos os casais que se recompõem, em curto prazo, em novos casamentos, a maioria caminha a esmo sem saber o que fazer, primeiro porque possui pouca percepção da vida e, em segundo lugar, se infiltra num clima generalizado de desconforto, onde não encontra estímulos para acreditar nos sonhos de primavera.
Assim como os alimentos dão energia à saúde do corpo, a alimentação de outras energias que estão revestidas no pensamento nos propicia o equilíbrio emocional.
Durante séculos, as religiões vêm estimulando a humanidade a buscar as virtudes como referência única de alcançar a paz e ainda se fala muito em fazer o bem e evitar o mal.
As ciências do comportamento humano questionam o conceito de bem, pois se atribuir um referencial particular, sectário haverá uma apreciação contrária em outra posição, pois uma reta pode ser um ponto e ser a própria reta, vista por ângulos diferentes.
O epicurismo dos antigos gregos, que se refletiu no positivismo, e o budismo não falam em Deus como falam as religiões do Ocidente. E quem sabe, eles amando a natureza, vendo em tudo a manifestação divina, tiveram uma compreensão maior dos ensinamentos daquele que é na Terra a Luz do Mundo?
A verdade tem uma abrangência bem maior, não pode ser vista apenas a nível de Ocidente ou Oriente, nem mesmo a nível planetário, tem que ganhar ressonâncias universais e ser aceito em Saturno, Vênus, Mercúrio e nas estrelas.
A sabedoria do rei Salomão já ampliava essas dimensões mencionando que o trono do Senhor é o Sol. Certamente, estaria referindo-se a um anjo ou arcanjo. Ora, se o astro-rei é o centro do sistema planetário onde a Terra gira, temos de admitir, assim como influencia o nosso sistema, as ressonâncias da verdade em outros planetas e nas inumeráveis estrelas.
Se o homem visse Deus em tudo, principalmente em quem ou em que está mais próximo, como a esposa, os filhos, o trabalho e as circunstâncias, compreenderia a importância de viver feliz, não criticaria nada, silenciaria diante do desconhecido e respeitaria todos os movimentos onde a vida resplandece para crescer sempre.
As religiões têm um respeito profundo pelos mistérios, numa atitude de sabedoria, pois são manifestações divinas que ainda não foram descobertas, como as sementes brotando debaixo do solo.
Quando o homem perceber a importância das religiões como instrumentos de divulgação da presença divina, cada qual em searas específicas, como existem o médico, o engenheiro, o advogado, o enfermeiro e tantos outros profissionais, sentirá necessidade de amar a tudo e a todos.
E no clima de recomposição da ética imperecível que, um dia, ganharão todos os ambientes do planeta, estimulados por educação superior à matéria, os casais sentirão o reflexo reconfortante e a separação será uma palavra que o tempo desfez.

      Blog  Fernando Pinheiro, escritor

Nenhum comentário:

Postar um comentário