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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ORIGINALIDADE PURA


A natureza humana possui uma face oculta que a protege contra os assédios da perturbação. Em algumas pessoas essa outra fase vem revestida por um forte carisma que anula a observação de quem intenciona surpreendê-las em suas malhas de aranha.
Este é o segredo da inocência das crianças e das mulheres gestantes diante da maldade que circula nos lugares por onde  passam. Os sábios, os simples, os pacíficos, os compositores das mensagens dos altos planos também estão imantados nesta aura de luz.
A rigidez ganha formas aparentes como se fosse um escudo de guerreiro e, num toque da transmutação, converte-se em rosas que espalham perfumes. Um rosto inocente e puro de mulher pode parecer rígido, mas terá sempre a veludez de uma rosa se algo lhe despertar para sua face verdadeira.
O sorriso da mulher que ama é a primavera que se veste de cores e perfumes. É por isso que os poetas a cantavam em suas liras de comovente beleza porque a viam em sua originalidade pura.
A mulher está disposta a amar e ser amada e até mesmo à aventura de um romance tumultuado onde tem esperanças de sentir um clima ameno que lhe dê condições de construir algo indestrutível.
O milagre ou a verdade da transmutação está em suas mãos. Sorrisos que saem de sua boca, ou de seus olhos que brilham ao sorrir, mudam panoramas íntimos de seus companheiros que, um instante antes, não queriam mais estar de mãos dadas.
A mulher que nos parece de difícil aproximação está apenas conservando a sua parte mais sublime, a face oculta, mas não impossível de ser revelada quando o véu da naturalidade descobrir a sua pureza primaveril.
Assim mesmo acontece com os sábios que pensamos ser pessoas inacessíveis, mas, ao nos aproximar deles, veremos o mesmo amor que tinham aqueles que vieram ao mundo para servir.
O amor tem ligações profundas com a sabedoria, a beleza em todas suas vertentes, onde a mulher aparece como complemento a todas aspirações do homem. Mesmo no celibato, a presença feminina vem sempre em forma de irmã, mãe, prima, amiga, aluna ou na devoção da rosa mística.
Suspenso o véu do mistério, pois tudo que desconhecemos parece invisível, a criatura humana é a mesma em suas raízes profundas: canta, sorri, ama, sonha e realiza desejos inconstantes até arder de febre, quando toma remédio para afugentar a hora silenciosa de um adeus que corta seus planos ainda em fase de elaboração.
A dificuldade de relacionamento entre as pessoas decorre da falta de naturalidade, pois num mundo transitório que cultua as aparências, ainda existe a irreal necessidade do uso das máscaras, uma para cada ocasião e na extensa variedade do gosto humano que muda a toda hora.
Quando a criatura humana revela a simplicidade, em todos seus gestos, sente ser como os ventos, os rios, o mar, a chuva, o calor do sol, a suavidade do luar que trazem mensagens iguais em todos os tempos e em todos os lugares.

      Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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