Destinada para canto, flauta e piano, Sob o
céu tão azul, trazendo o subtítulo N° 1 De Interior de Onestaldo de Pennafort, é de autoria de Helza Camêu
que a escreveu em outubro de 1975.
A música é suave. O original da partitura pertence ao acervo do patrono
Onestaldo de Pennafort da Academia
de Letras dos Funcionários do
Banco do Brasil.
A
letra é de Onestaldo de Pennafort. Os primeiros versos são
mergulhos nos sonhos, quando
dormimos:
“Sob o céu tão azul que se espiritualiza,
o jardim vai fechar as pétalas das rosas
como alguém que cerra as pálpebras medrosas
para ver o que só no sonho se divisa."
A evolução anímica percebida
pelos místicos, religiosos ou não, pelos compositores e poetas, está em todo o reino da criação
divina. A “alma das cousas”, anunciada no clima simbolista e parnasiano, traduz
um código ainda não totalmente decifrável. Para simplificar o mistério, o
ensino fundamental das escolas determina conceitos simples como a sensibilidade que têm as plantas e os animais.
O poeta da canção, ao anunciar
que o jardim vai fechar as pétalas de rosas, sob um céu tão azul que se
espiritualiza, menciona a condição
favorável para acontecer os sonhos bons. Desde os tempos bíblicos, o rei Salomão já
revelava que na noite existem setas que voam. Na linguagem de hoje, essas setas são pensamentos da alma, tanto da esfera física quanto da espiritualidade.
A letra da canção tem imagens
fluídicas (“nascem apenas do ar”)
e musicais (“arabescos de sons de flauta, pela brisa...”) que nos estimulam a passar para o íntimo as
impressões salutares que serão mantidas em nosso adormecer, com estímulo
para serem reproduzidas pelo
sonho, no processo ação e ressonância. Em nosso estado de vigília ou de sono,
o pensamento cria o destino.
A expressão popular “consultar o
travesseiro” não está errada. É claro que o travesseiro não pode dar
conselhos, mas a nossa cabeça, que
nele se apoia, recebe, quando estamos dormindo, as
impressões salutares de nosso
viver, em forma de sonhos ou de imagens ideoplásticas ou ainda de
símbolos que exprimem mensagens.
A tradição religiosa, contida em
todos os credos e entidades fraternais em geral, estimula a prece, como recurso
indispensável para sentirmos a paz, o conforto espiritual, a leveza de
sentimentos. Esses momentos de inefável beleza é o nosso encontro com nós mesmos e com o
sagrado, o que nos torna
santificados ou purificados.
Se o jardim de rosas está sob um
céu tão azul, este mesmo céu está dentro de nós, sempre quando o buscamos com
amor, dentro de uma atitude contemplativa ou meditativa, ou mesmo sonhadora.
Blog
Fernando Pinheiro, escritor
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