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terça-feira, 18 de setembro de 2012

SOB O CÉU TÃO AZUL


Destinada para canto, flauta e piano, Sob o céu tão azul, trazendo o subtítulo N° 1 De Interior de Onestaldo de  Pennafort, é de autoria de Helza Camêu que a escreveu em  outubro de 1975. A música é suave. O original da partitura pertence ao acervo do patrono Onestaldo de Pennafort da Academia de Letras dos Funcionários  do Banco  do  Brasil.
A letra é de Onestaldo de Pennafort. Os primeiros versos  são  mergulhos  nos  sonhos,  quando  dormimos:

“Sob  o  céu  tão  azul  que  se  espiritualiza,

o  jardim  vai  fechar  as  pétalas  das  rosas

como alguém que cerra as pálpebras medrosas

para  ver  o  que    no  sonho  se  divisa."

A evolução anímica percebida pelos místicos, religiosos ou não, pelos compositores e poetas, está em todo o reino da criação divina. A “alma das cousas”, anunciada no clima simbolista e parnasiano, traduz um código ainda não totalmente decifrável. Para simplificar o mistério, o ensino fundamental das escolas determina conceitos simples como  a  sensibilidade  que  têm  as  plantas  e  os  animais.
O poeta da canção, ao anunciar que o jardim vai fechar as pétalas de rosas, sob um céu tão azul que se espiritualiza,  menciona a condição favorável para acontecer os sonhos bons. Desde os tempos bíblicos, o rei Salomão já revelava que na noite existem setas que voam. Na linguagem de hoje, essas setas são pensamentos da alma, tanto da esfera  física quanto da espiritualidade.
A letra da canção tem imagens fluídicas (“nascem apenas do  ar”) e musicais (“arabescos de sons de flauta, pela brisa...”) que  nos estimulam a passar para o íntimo as impressões salutares que serão mantidas em nosso adormecer, com estímulo para  serem reproduzidas pelo sonho, no processo ação e ressonância. Em nosso estado de vigília ou de sono, o  pensamento  cria  o  destino. 
A expressão popular “consultar o travesseiro” não está errada. É claro que o travesseiro não pode dar conselhos,  mas a nossa cabeça, que nele se apoia, recebe, quando estamos dormindo,  as  impressões  salutares  de  nosso   viver, em forma de sonhos ou de imagens ideoplásticas ou ainda de símbolos que exprimem  mensagens.
A tradição religiosa, contida em todos os credos e entidades fraternais em geral, estimula a prece, como recurso indispensável para sentirmos a paz, o conforto espiritual, a  leveza  de  sentimentos.  Esses  momentos  de inefável beleza é o nosso encontro com nós mesmos e com o sagrado, o que nos torna  santificados  ou  purificados.
Se o jardim de rosas está sob um céu tão azul, este mesmo céu está dentro de nós, sempre quando o buscamos com amor, dentro de uma atitude contemplativa ou meditativa, ou mesmo  sonhadora.

Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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