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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

TEU NOME


Escrita nos idos 1973 a música Teu Nome, de Osvaldo Lacerda, destinada para canto e piano, traz os versos da  poetisa Cecília Meireles que repetem “respiro teu nome” em  cinco  estrofes.
Respirar é, antes de tudo, viver. Todos sabem que, nas pessoas  e nas plantas, sem a respiração a vida não existe. Respirar o nome da pessoa amada é navegar mundos em que o sonho tem  o  reino  de  encantos.
Pensar na pessoa amada leva-nos a um doce eflúvio,  despertando-nos sentimentos em que surge a voz da canção    de que nos fala a poetisa. O sentimento de amor se espalha  levemente, como uma brisa quase impercebível à luz do luar,  aclarando aspectos emocionais de situações difíceis e de  mistérios.
Não há um limite definitivo entre a realidade e a ilusão. Existe  a margem que delineia um e outro, dentro de uma flexibilidade que muda constantemente na medida em que revelamos comportamentos diferentes. Os sonhos podem estar tanto na realidade como na ilusão e é impossível permanecer longo tempo na linha divisória porque nossos pensamentos, criando circunstâncias, têm um destino que se modifica. O destino  somente  é  estável  dentro  da  situação  estável.
Quando não o conhecemos, pensamos que o nome da pessoa  amada é tudo, porque o moldamos dentro de nosso sonho de  amor, às vezes sem que ela participe. Entre o comprador e o  vendedor, o produto só muda de lugar quando o negócio é fechado. Não há transação individual, unilateral e solitária, por que no amor funcionaria diferente? É impossível. Na busca do envolvimento amoroso, sem a participação de um dos pares, é  impossível a união, mesmo sendo tudo para quem a deseja,  não  passa  de  uma  ilusão.
Na incompreensão do que acontece no envolvimento, pensamos em sorte, quando os acontecimentos nos favorecem e azar quando são diferentes, sem sabermos que, na realidade em que vivemos, há um mecanismo que estabelece aquilo que, por  algum  mérito,  merecemos  ter.
No contentamento da poetisa, límpido e vão, dá a  ideia de  estar solitária, com seus pensamentos de amor. Em cada  momento, ela respira o nome do homem amado e, como o sonho é alto e a sua mão é rasa, não atinge as alturas e vê que, ao redor, tudo é ilusão. É o extremo dos amantes: inferno ou  paraíso.
Acreditamos que seja um amor platônico dormindo numa espera sem fim, onde em algum momento inesperado possa surgir o despertar para uma realidade mais confortadora, sem  ilusão  nem  sonhos,  talvez  a  presença  da  pessoa  amada.
O nome da pessoa amada acompanha os passos de quem ama, independente de estar perto ou longe; são vibrações alimentadas por pensamentos que recrudescem o passado,  mergulhado no inconsciente coletivo de que nos falou o filósofo Carl Jung, e que voltam à tona, à medida em que a mentalização (mais precisa do que a chamada telefônica), é  realizada.
Concluímos realçando o quanto é importante a forma como direcionamos o pensamento, pois estabelece o nosso destino e, vamos sempre, aqui ou alhures, para onde a nossa vibração se estabelece, independentemente de estarmos vivos em corpos físicos ou vivos em transcendência da matéria física, em  campos  astrais  ou  campos  siderais. 

Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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