Escrita nos idos
1973 a música Teu Nome, de Osvaldo
Lacerda, destinada para canto e piano, traz os versos da poetisa Cecília Meireles que repetem
“respiro teu nome” em cinco estrofes.
Respirar é, antes
de tudo, viver. Todos sabem que, nas pessoas e nas plantas, sem a respiração a vida não existe. Respirar
o nome da pessoa amada é navegar mundos em que o sonho tem o
reino de encantos.
Pensar na pessoa
amada leva-nos a um doce eflúvio,
despertando-nos sentimentos em que surge a voz da canção de que nos fala a poetisa.
O sentimento de amor se espalha
levemente, como uma brisa quase impercebível à luz do luar, aclarando aspectos emocionais de
situações difíceis e de mistérios.
Não há um limite
definitivo entre a realidade e a ilusão. Existe a margem que delineia um e outro, dentro de uma
flexibilidade que muda constantemente na medida em que revelamos comportamentos
diferentes. Os sonhos podem estar tanto na realidade como na ilusão e é impossível
permanecer longo tempo na linha divisória porque nossos pensamentos, criando
circunstâncias, têm um destino que se modifica. O destino somente é estável dentro da
situação estável.
Quando não o
conhecemos, pensamos que o nome da pessoa
amada é tudo, porque o moldamos dentro de nosso sonho de amor, às vezes sem que ela participe.
Entre o comprador e o vendedor, o
produto só muda de lugar quando o negócio é fechado. Não há transação
individual, unilateral e solitária, por que no amor funcionaria diferente? É
impossível. Na busca do envolvimento amoroso, sem a participação de um dos
pares, é impossível a união, mesmo
sendo tudo para quem a deseja, não passa de uma ilusão.
Na incompreensão
do que acontece no envolvimento, pensamos em sorte, quando os acontecimentos
nos favorecem e azar quando são diferentes, sem sabermos que, na realidade em
que vivemos, há um mecanismo que estabelece aquilo que, por algum mérito,
merecemos ter.
No contentamento
da poetisa, límpido e vão, dá a
ideia de estar solitária,
com seus pensamentos de amor. Em cada
momento, ela respira o nome do homem amado e, como o sonho é alto e a
sua mão é rasa, não atinge as alturas e vê que, ao redor, tudo é ilusão. É o
extremo dos amantes: inferno ou
paraíso.
Acreditamos que
seja um amor platônico dormindo numa espera sem fim, onde em algum momento
inesperado possa surgir o despertar para uma realidade mais confortadora,
sem ilusão nem sonhos,
talvez a presença da pessoa amada.
O nome da pessoa
amada acompanha os passos de quem ama, independente de estar perto ou longe;
são vibrações alimentadas por pensamentos que recrudescem o passado, mergulhado no inconsciente coletivo de
que nos falou o filósofo Carl Jung, e que voltam à tona, à medida em que a
mentalização (mais precisa do que a chamada telefônica), é realizada.
Concluímos
realçando o quanto é importante a forma como direcionamos o pensamento, pois
estabelece o nosso destino e, vamos sempre, aqui ou alhures, para onde a nossa
vibração se estabelece, independentemente de estarmos vivos em corpos físicos
ou vivos em transcendência da matéria física, em campos
astrais ou campos siderais.
Blog
Fernando Pinheiro, escritor
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