Destinada para
canto e piano, a música A Vida é de autoria do compositor, pianista e
folclorista Luciano Gallet (1893/1931). A letra traz os
versos do poeta Ronald de Carvalho.
No
movimento Andantino da música, surge
o canto entoando a palavra
“Esperei-te”, depois se sucede em meno
piano (menos suave), suave e pianíssimo. O Animato antecede à palavra “Veio” e se estende em pianíssimo, etc.
O Calmo antecede ao texto da poesia:
“No amor que floresceu... no olhar de quem caminha
Há folhas outonais e horizontes de poeira...
E tudo acaba... e em tudo a mesma glória triste
De uma ascensão falhada... e de um
caminho incerto...”
A
plenitude só existe nos planos onde o sonho vive. No terreno da ação humana
sempre há lacunas a serem preenchidas. Mesmo na vitória, sentimos que algo veio
com falha porque as circunstâncias não eram por nós conhecidas completamente e
ainda não acompanhamos, por completo, os acontecimentos que nos dizem respeito.
Se
tivéssemos a sabedoria de tudo que existe ao nosso redor, veríamos que não há
falha no infortúnio ou na surpresa do sucesso, mas a autenticidade daquilo que
permanece em processo de evolução. A lacuna hoje será o preenchimento de
amanhã. Se o futuro está se concretizando hoje e não o acompanhamos, a
tendência é permanecermos ligados ainda à lacuna que, no nível de consciência
plena, já não existe mais.
O
verso do poeta “Quando a estrada é mais longa a sonhamos mais perto” é a
manifestação clara da esperança, independente da extensão do caminho que iremos
percorrer. Há uma sutileza entre o esperar e a esperança. O esperar, sem ter a
certeza do que virá, é um ato mais
emocional do que inteligente. A virtude está na esperança, plena de certeza,
por tudo que sonhamos ter ao nosso alcance.
Esse
argumento, tão explicitamente manifestado, vem revestido nos versos da canção
que se imortaliza não apenas no sentido de música, mas por ter uma letra que
transcende aos conceitos transitórios.
Blog
Fernando Pinheiro, escritor
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