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sábado, 22 de setembro de 2012

A VIDA


Destinada para canto e piano, a música A Vida é de autoria do compositor, pianista e folclorista Luciano Gallet (1893/1931). A letra traz os versos do poeta Ronald de Carvalho.   
No movimento Andantino da música, surge o canto entoando a  palavra “Esperei-te”, depois se sucede em meno piano (menos suave), suave e pianíssimo. O Animato antecede à palavra “Veio” e se estende em pianíssimo, etc. O Calmo antecede ao texto da  poesia:    
“No amor que floresceu... no olhar de quem caminha
Há folhas outonais e horizontes de poeira...
E tudo acaba... e em tudo a mesma glória triste
De uma ascensão falhada... e de um caminho incerto...”
A plenitude só existe nos planos onde o sonho vive. No terreno da ação humana sempre há lacunas a serem preenchidas. Mesmo na vitória, sentimos que algo veio com falha porque as circunstâncias não eram por nós conhecidas completamente e ainda não acompanhamos, por completo, os acontecimentos  que nos dizem respeito.    
Se tivéssemos a sabedoria de tudo que existe ao nosso redor, veríamos que não há falha no infortúnio ou na surpresa do sucesso, mas a autenticidade daquilo que permanece em processo de evolução. A lacuna hoje será o preenchimento de amanhã. Se o futuro está se concretizando hoje e não o acompanhamos, a tendência é permanecermos ligados ainda à lacuna que, no nível de consciência plena, já não existe mais. 
O verso do poeta “Quando a estrada é mais longa a sonhamos mais perto” é a manifestação clara da esperança, independente da extensão do caminho que iremos percorrer. Há uma sutileza entre o esperar e a esperança. O esperar, sem ter a certeza do  que virá, é um ato mais emocional do que inteligente. A virtude está na esperança, plena de certeza, por tudo que sonhamos ter ao nosso alcance.
Esse argumento, tão explicitamente manifestado, vem revestido nos versos da canção que se imortaliza não apenas no sentido de música, mas por ter uma letra que transcende aos conceitos transitórios.

Blog  Fernando Pinheiro, escritor

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