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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A ROSA MÍSTICA DE NAZARÉ


   Lament for strings orchestra, Opus 41, de Jack Gibbons, música escrita, em junho de 2003, e o coro final da Paixão segundo São João, de J.S. Bach, sugerem–nos a ideia do desenrolar final dos trágicos acontecimentos do Monte Calvário, no qual estavam presentes numerosas mulheres, entre elas, Maria de Nazaré, Joana de Cusa, Madalena, Maria, esposa de Cleófas e apenas um homem fiel, João Evangelista, o apóstolo predileto.
   Este é o único momento da vida planetária em que as trevas impuseram o domínio sobre o poder celestial. Na Ressurreição o triunfo do herói da sepultura vazia, Jesus, a luz do mundo, ressurge no decorrer dos evos.
   Miguelangelo imortalizou, em La Pietá, a arte representada pela presença de Maria acolhendo no colo, com ternura, o filho morto na Cruz, em exposição permanente na Basílica de São Pedro, no Vaticano, uma das maiores atrações turísticas de Roma.
    Com a imensa satisfação, visitamos o facebook de Nona Orlinova, residente na cidade de Sofia, Bulgária, em que aparecem fotos de excursão turística, entre as quais La Pietá, de Miguelangelo na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
    Mozart, Schubert, Caccini, Gounod, Mascagni, Verdi, Fauré, Astor Piazzolla prestaram homenagem a Maria de Nazaré, nas conhecidas Ave–Maria.
    A comédia musical Notre Dame de Paris, baseada no romance de Victor Hugo, apresenta, em cena lírica, 53 números musicais de autoria de Richard Cocciante (também conhecido como Riccardo Cocciante), dentre os quais sobressai a Ave Maria Païe, letra de Luc Plamondon, interpretada na voz de Hélène Ségara, de comovente beleza artística. O texto enfatiza: “Ave Maria, protège–moi de la misère, du mal et des fous qui règnent sur la Terre.”
    Fagundes Varella, poeta fluminense, evoca o Brasil no entardecer das tardes fagueiras que saúdam a Virgem Maria:
“No pórtico sublime do Oriente
Surge fagueira a estrela vespertina,
E, além, de nossas pobres freguesias
Nos altos, alvejantes campanários,
Sôa, pausado e lento, o velho bronze

Dobrando: – Ave Maria! – O viajante

Que vem de terra estranha, e a pátria busca,
Se ajoelha na beira do caminho,
– Ave Maria – suspiroso fala.
O cabreiro que desce das montanhas,
Ao redil conduzindo a grei singela,
Pára, levanta para os céus os olhos,
E diz: – Ave Maria! – A mãe querida
Chama zelosa a prole abençoada,
Junto à lareira da tranquila choça,
E lhes repete a saudação divina.
-  Ave Maria!... na solidão dos mares
Murmura o navegante: – Ave Maria!”    (119)
(119) FAGUNDES VARELA, L. N. – in Anchieta ou O Evangelho nas Selvas – poema – Canto IV – Cap. IX – p. 129 – Livraria Imperial – 1875 – Rio de Janeiro – Acervo: Academia Brasileira de Letras.
    Esse clima bucólico da natureza resplandece ainda na voz da cantora Fafá de Belém que, no momento mais importante da carreira artística, cantou Ave Maria de Vicente Paiva (1908/1964) e Jaime Redondo (1890/1952), numa apresentação que ganhou o mundo, nos idos de 1997, na imagem transmitida, ao vivo pela televisão, da visita ao Brasil do papa João Paulo II:
“Abençoai estas terras morenas, seus rios, seus campos e as noites serenas, abençoai as cascatas e as borboletas que enfeitam as matas.”
      A Ave Maria de Erothides de Campos, composta em 1924, inicia–se no clima nostálgico: “Cai a tarde tristonha e serena, em macio e suave langor”, imortalizada na voz de Augusto Calheiros, em 1939, e, posteriormente na de Altemar Dutra, Caetano Veloso, Inezita Barroso e Agnaldo Rayol, entre outros.
    Se admirável é ver a felicidade das mulheres seguindo Jesus, a admiração é ainda maior quando observamos ser Maria de Nazaré, a primeira cristã do mundo, testemunhando esse amor, do começo ao fim do plano terreno e, continuado nas regiões resplandecentes.
       O pioneirismo tem esse valor imarcescível.

Blog  Fernando Pinheiro, escritor
 

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