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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

DISCURSO



O poema Discurso, constante da obra Viagem, de Cecília Meireles, é revelador, uma espécie de epifania dos tempos em que vivemos. Há um cantar de água que o vento empurra, deixando o ritmo passar.
A poetisa veio de longe e vai indo para longe, procurando as marcas do caminhar e não encontrou nada por aqui, alegando que havia ervas e serpentes pelo chão. O olhar mudou em direção do céu e também não achou nada, e continuou a cantar.
Ervas daninhas simbolizam os embaraços que nos cerceiam, impedindo-nos o avanço e as serpentes todas as confusões possíveis de se imaginar num mundo dualista em que se promove a separatividade e a competitividade. Exceção disso, é o dragão lunar que protege as deusas, essas mulheres lindas que nos impressionam bastante com a beleza que sentimos vir de outro mundo. A Dança da Lua no samba-enredo da Estácio de Sá, no carnaval de 1993, já nos revela isto.
Os céus dos homens são diferentes uns dos outros, variando em cada região. No Himalaia, o céu é quente porque essa região é bastante fria. Em outra região, que se desdobra da África e Ásia, há 70 virgens, aguardando os fiéis e todas belas e paradas no tempo em que permanecem aos 18 anos de idade. No céu das terras de Colombo é um lugar de descanso, ninguém faz nada. Não deve ser nada interessante, esse marasmo.
É por isso que a poetisa não encontrou a indicação de uma trajetória porque “houve sempre muitas nuvens” dentro uma torre que nunca chegou ao céu, e continuou a cantar.
"O mapa não é o território", expressão atribuída ao polonês Alfred Korzybski, ao ensejo da realização, nos idos de 1931, do encontro da American Mathematical Society, está muito bem contextualizado pelo pensamento da poetisa. Vamos dizer que Cecília Meireles já entendia de PNL - Programação Neurolínguística, atualmente em voga.
Cecília Meireles revelou ao mundo o próprio mundo em que vivemos numa consciência planetária densa, onde existem muito mais desencantos do que os encantos que ela mesma buscou e não encontrou nesses céus humanos.
A luz crística, a luz é inteligência, projetou-se revelando a nossa realidade: "vós estais no mundo, mas não sois do mundo."
Neste planeta reptiliano onde os gastos pela segurança e armamentos são maiores do que os gastos de alimentação, é natural para os governantes que não sobre nada de recursos para saciar a fome de mais de 1 bilhão de pessoas que passam fome.
Assim sendo, como poderia Cecília Meireles “esperar que venha alguém gostar de mim?”. Gostar dela, não é problema, pois todos nós gostamos porque ela se identificou com a música, é tanto que a Sala Cecília Meireles, na cidade do Rio de Janeiro, é um dos espaços nobres onde a música é apresentada, durante várias gerações, a milhões de pessoas.
Ela esteve entre nós cantando, mesmo sem saber onde estava, conforme declarou no poema Discurso, assim são aqueles que não se identificam com as cenas de violência, desvio de verbas públicas, calamidades e doenças que atingem multidões em todas as esferas sociais.
Cecília Meireles já tinha atingido à quintessência em pessoa humana, pelo canto em que revelava ser uma criança, no conceito iluminado pela luz crística, brincando em jogos infantis onde os adultos, de modo geral, não poderiam compreendê-la, como até hoje, a maioria da população mundial, não compreende ser criança.
A separatividade continuará a existir, por enquanto, nesta consciência planetária dissociada que está indo embora da Terra com a energia daqueles que estão vivenciando em 4 pilares: simplicidade, humildade, transparência e alegria. Esta é a nossa senha que nos permite o acesso à multidimensionalidade, o objetivo de nosso caminhar, de todos nós sem exceção.
É importante, conforme revelado no blog Fernando Pinheiro, escritor, não criticar nada, não criticar ninguém, ajudar somente se for solicitado, deixar acontecer as coisas, assim como deixamos os frutos crescer nas árvores, o Tao obedece ao fluxo do tempo. Alguém pode apressar o tempo?
Quando se inicia um relacionamento o melhor ainda está por vir. No Japão há a tradição da cerimônia do chá, onde as pessoas se conhecem mediante a postura de se apresentar que é mais pertinente ao mundo interno do que externo.
No Brasil ainda se conserva a tradição de tomar um cafezinho, antes de iniciar um bate-papo (expressão originária do Pará), mesmo que seja, em momentos rápidos, num restaurante, bar, lanchonete, ponto perto de obras em construção.
Quando trabalhávamos na Direção Geral – Gerência de Operações de Câmbio – Banco do Brasil, a uma determinada hora, passava o contínuo-de-gabinete diante de nossa mesa de trabalho e nos servia um café. Aquele momento era sagrado, parávamos os processos que estávamos analisando. Isto nos dava um status muito grande.
O poema Discurso de Cecília Meireles é algo Zen, algo Tao, onde a sabedoria está presente. Por que os relacionamentos acabam?
A resposta é simples: por causa da frequência de vibração de ondas distintas uma da outra, assim como no rádio não se pode sintonizar 2 estações ao mesmo tempo no mesmo ponto de frequência, bem como a falta de espera do melhor que ainda não chegou, isto é Zen, isto é Tao, também é Física Quântica onde a partícula atômica spin faz um percurso de lá pra cá e de cá pra lá, fazendo um emaranhamento, pois tudo está emaranhado.

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