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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O OURO NO BB


Anteriormente, desde os idos de 1906 a 1910, foram criadas as agências nas cidades de Manaus, Santos, Belém, Salvador, Recife, Porto Alegre e Campos por ser mais vantajoso para o Banco eliminar o custo elevado das comissões pagas aos agentes nessas praças, relativas à emissão de vales–ouro, compra de cambiais e cobranças de remessa por conta de terceiros [PACHECO, 1979].
A palavra ouro, na acepção mercadológica, usada nos produtos do BB, vem dessa época. Outro argumento que justifica a utilização do termo ouro, na longa tradição do Banco do Brasil, vem desde 1917, quando o presidente Homero Baptista apresentou o relatório à Assembleia Geral dos Acionistas, pois o BB, com a emissão dos certificados–ouro que comprovava o pagamento de direitos alfandegários, detinha a fiscalização da arrecadação das rendas públicas, oriundas do imposto–ouro sobre as importações [PACHECO, 1979].
Literalmente, a designação cheque–ouro originou-se do Decreto n° 6.169, de 31/10/1926, baixado pelo presidente da República, no qual o Banco do Brasil estava autorizado a receber depósitos de ouro em moeda legal, ao tempo em que a Empresa podia também emitir cheques–ouro, pagáveis à vista.
Nos idos de 1934, segundo o funcionário Fernando Drummond Cadaval, gerente, depois diretor da Carteira de Câmbio (1951/1954), por iniciativa de Marcos de Souza Dantas, no exercício do cargo de presidente do Banco do Brasil (23 a 27/7/1934), o Governo Federal concedeu ao BB “a exclusividade para compra de ouro amoedado e em barras” [Revista AABB – Rio–junho/1934].
Esta assertiva foi confirmada, posteriormente, em 6/11/1940, pelo funcionário Tancredo Ribas Carneiro, diretor da Carteira Cambial (janeiro/1938 a abril/1939), ao ensejo da realização da palestra A missão do Banco do Brasil proferida, em 6/11/1940, no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Vale ressaltar:
“A ele (Banco do Brasil) compete comprar todo o ouro produzido no país, desde os limites das Guianas até as fronteiras do Uruguai.
Imaginai o poder de uma organização capaz de adquirir e transportar todo esse ouro que vem sendo amealhado pacientemente de modo que não se escape, que não se evada.
Alguns de vós viram, na visita que fizeram ao Banco, uma parte desse ouro depositado em nossas casas–fortes, depois de laminado e reduzido a barras.
Em cada barra de 20 quilos se condensam as pepitas, o ouro em pó explorado pelo garimpeiro no mais rude sertão, e recolhido pelo Banco.”  (14)
(14) TANCREDO RIBAS CARNEIRO (1914/1946), diretor da Carteira Cambial do Banco do Brasil (jan/1938 a abril/1939) – in A missão do Banco do Brasil, palestra proferida, em 6/11/1940, no Colégio Militar do Rio de Janeiro – Acervo: Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil.
RIBAS CARNEIRO, Tancredo, diretor da Carteira de Câmbio do Banco do Brasil (jan/1938 a abril/1939) – Discurso de saudação proferido, em 30/11/1939, ao ensejo das comemorações do 2° ano de gestão de João Marques dos Reis, presidente do Banco do Brasil (30/11/1937 a 6/11/1945) – Autorização concedida, em 18/09/2007, por Maria de Lourdes Carneiro Balocco, filha de Tancredo Ribas Carneiro.     
A missão do Banco do Brasil, palestra proferida, em 6/11/1940, no Colégio Militar do Rio de Janeiro.  – Idem, idem.
Transportando esta informação aos dias de hoje, há o recrudescimento e o prestígio da palavra ouro, nos produtos que o Banco do Brasil vende. Retrocedendo aos idos de 1966, vimos o Banco do Estado da Guanabara colocar na praça o “cheque-verde” destinado a garantir o pagamento até o valor de Cr$ 20,00, independente de consulta de saldo na conta do correntista.
No depoimento de Irapuan Paulo Salgueiro, constante da obra Banco do Brasil dos meus tempos, de Paulo Konder Bornhausen, há informação de que surgiu no gabinete de Paulo Bornhausen, diretor do Banco do Brasil (1964/1972), um grupo de trabalho que apresentou o “cheque-ouro” destinado a cobrir pagamento dentro de uma linha de crédito aberta aos correntistas.
À frente desta iniciativa, estavam o próprio diretor e os funcionários do BB, Geraldo Machado (PRESI), Rogério Teixeira (Superintendência), Arnaldo Jorge Fábregas da Costa Júnior (DISEG), José Vitela (DIPRI), Irapuan Paulo Salgueiro, Waldyr Alves da Silva (DIQUA). Sucesso inigualável no mercado, os demais bancos passaram a adotar práticas semelhantes em suas operações.
- in HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de FERNANDO PINHEIRO (pp. 56, 57, 58), obra disponibilizada ao público no site www.fernandopinheirobb.com.br

Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site  www.fernandopinheirobb.com.br

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