Anteriormente,
desde os idos de 1906 a 1910, foram criadas as agências nas cidades de Manaus,
Santos, Belém, Salvador, Recife, Porto Alegre e Campos por ser mais vantajoso
para o Banco eliminar o custo elevado das comissões pagas aos agentes nessas
praças, relativas à emissão de vales–ouro, compra de cambiais e cobranças de
remessa por conta de terceiros [PACHECO, 1979].
A
palavra ouro, na acepção mercadológica, usada nos produtos do BB, vem dessa
época. Outro argumento que justifica a utilização do termo ouro, na longa tradição
do Banco do Brasil, vem desde 1917, quando o presidente Homero Baptista
apresentou o relatório à Assembleia Geral dos Acionistas, pois o BB, com a
emissão dos certificados–ouro que comprovava o pagamento de direitos
alfandegários, detinha a fiscalização da arrecadação das rendas públicas,
oriundas do imposto–ouro sobre as importações [PACHECO, 1979].
Literalmente,
a designação cheque–ouro originou-se do Decreto n° 6.169, de 31/10/1926,
baixado pelo presidente da República, no qual o Banco do Brasil estava
autorizado a receber depósitos de ouro em moeda legal, ao tempo em que a
Empresa podia também emitir cheques–ouro, pagáveis à vista.
Nos
idos de 1934, segundo o funcionário Fernando Drummond Cadaval, gerente, depois
diretor da Carteira de Câmbio (1951/1954), por iniciativa de Marcos de Souza
Dantas, no exercício do cargo de presidente do Banco do Brasil (23 a
27/7/1934), o Governo Federal concedeu ao BB “a exclusividade para compra de
ouro amoedado e em barras” [Revista AABB – Rio–junho/1934].
Esta
assertiva foi confirmada, posteriormente, em 6/11/1940, pelo funcionário
Tancredo Ribas Carneiro, diretor da Carteira Cambial (janeiro/1938 a
abril/1939), ao ensejo da realização da palestra A missão do Banco do Brasil
proferida, em 6/11/1940, no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Vale ressaltar:
“A
ele (Banco do Brasil) compete comprar todo o ouro produzido no país, desde os
limites das Guianas até as fronteiras do Uruguai.
Imaginai
o poder de uma organização capaz de adquirir e transportar todo esse ouro que
vem sendo amealhado pacientemente de modo que não se escape, que não se evada.
Alguns
de vós viram, na visita que fizeram ao Banco, uma parte desse ouro depositado
em nossas casas–fortes, depois de laminado e reduzido a barras.
Em
cada barra de 20 quilos se condensam as pepitas, o ouro em pó explorado pelo
garimpeiro no mais rude sertão, e recolhido pelo Banco.” (14)
(14)
TANCREDO RIBAS CARNEIRO (1914/1946), diretor da Carteira Cambial do Banco do
Brasil (jan/1938 a abril/1939) – in A missão do Banco do Brasil, palestra
proferida, em 6/11/1940, no Colégio Militar do Rio de Janeiro – Acervo:
Academia de Letras dos Funcionários do Banco do Brasil.
RIBAS
CARNEIRO, Tancredo, diretor da Carteira de Câmbio do Banco do Brasil (jan/1938
a abril/1939) – Discurso de saudação proferido, em 30/11/1939, ao ensejo das
comemorações do 2° ano de gestão de João Marques dos Reis, presidente do Banco
do Brasil (30/11/1937 a 6/11/1945) – Autorização concedida, em 18/09/2007, por
Maria de Lourdes Carneiro Balocco, filha de Tancredo Ribas Carneiro.
A
missão do Banco do Brasil, palestra proferida, em 6/11/1940, no Colégio Militar
do Rio de Janeiro. – Idem, idem.
Transportando
esta informação aos dias de hoje, há o recrudescimento e o prestígio da palavra
ouro, nos produtos que o Banco do Brasil vende. Retrocedendo aos idos de 1966,
vimos o Banco do Estado da Guanabara colocar na praça o “cheque-verde”
destinado a garantir o pagamento até o valor de Cr$ 20,00, independente de
consulta de saldo na conta do correntista.
No
depoimento de Irapuan Paulo Salgueiro, constante da obra Banco do Brasil dos
meus tempos, de Paulo Konder Bornhausen, há informação de que surgiu no
gabinete de Paulo Bornhausen, diretor do Banco do Brasil (1964/1972), um grupo
de trabalho que apresentou o “cheque-ouro” destinado a cobrir pagamento dentro
de uma linha de crédito aberta aos correntistas.
À
frente desta iniciativa, estavam o próprio diretor e os funcionários do BB, Geraldo
Machado (PRESI), Rogério Teixeira (Superintendência), Arnaldo Jorge Fábregas da
Costa Júnior (DISEG), José Vitela (DIPRI), Irapuan Paulo Salgueiro, Waldyr
Alves da Silva (DIQUA). Sucesso inigualável no mercado, os demais bancos
passaram a adotar práticas semelhantes em suas operações.
-
in HISTÓRIA DO BANCO DO BRASIL, de FERNANDO PINHEIRO (pp. 56, 57, 58), obra
disponibilizada ao público no site www.fernandopinheirobb.com.br
Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br
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