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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O DISCURSO PROFÉTICO


Em frente do templo de Salomão, num ardente entardecer de Nisan, estavam reunidos os discípulos ao redor do Mestre. Eles lhe mostraram as edificações imponentes onde a fé e a religiosidade eram representadas em cerimônias sagradas.
Um olhar se projetou no futuro, estendendo cenas que se desenrolariam naqueles recintos, e a voz dele foi ouvida por todos: “em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada” [Mateus, 24:1 e 2].  
A caminho do Getsêmani, o silêncio se faz presente por alguns minutos e, em seguida, Jesus dá início ao comovente discurso profético de que nos falam os escritores da Boa Nova: “Que ninguém vos engane! ... Ficai vigilantes, a fim de que não sejais surpreendidos. O dia e a hora ninguém sabe, só o Pai, nem o Filho....”
Geração de vidas humanas que ainda não se libertou do ciclo de sofrimentos e dores, por ainda não entender a mensagem  lúcida do Mestre Jesus, está tendo a última oportunidade para acompanhar a parcela da humanidade que aguarda as promessas evangélicas. 
A crise dos tempos atuais, que invade os lares, templos e organizações humanas, revela a fragilidade dos conceitos que se apoiam nos valores da transitoriedade.
As palavras de Jesus eram pronunciadas com ternura e bondade para abafar a reação dos discípulos acerca dos acontecimentos futuros que se desenrolariam com a geração comprometida com as injunções do final dos ciclos do tempo, focalizada em duas alternativas: permanecer a fim de construir  um mundo melhor, ou ir embora para nunca mais voltar para este hotel planetário que ganhará mais uma estrela. É dessa forma que hoje compreendemos o que seja a separação do joio e do trigo. É uma linguagem endereçada a alma humana.
Com a saída dos responsáveis pela crise que estiveram à frente na disseminação da incerteza e dos desencantos, divulgados pelos meios de comunicação, teremos o primado da primavera  dos poetas, da revelação dos compositores e artistas que enaltecem a natureza, a harmonia, o respeito pela vida.
A composição harmoniosa das palavras de Jesus ganha uma entonação que lembram um conjunto de notas musicais ♪♫♫ soltas no ar (modulações na voz) – um aroma de perfume que o vento traz, a sensação do paraíso, o sonho de nossa alma   revelado à luz do dia.
O discurso profético prossegue em tom vibrante e comovedor: “quem estiver nos montes não volte à cidade e quem se encontrar nos telhados não desça – não haverá tempo.”
A vibração harmoniosa da voz do profeta derrama no coração de cada um dos participantes o esclarecimento: “a grande tribulação se iniciará, levando de roldão as mazelas e misérias humanas... O sol se escurecerá, antes as sombras se levantarão da Terra e a lua se banhará de sangue...” (...) “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.” 
A profecia está atualizada. A sombra que se levanta da Terra é a poluição ameaçando a camada de ozônio e a lua banhada de  sangue é a destruição que está no plano mental dos conquistadores que espalham a guerra no espaço, nos desertos do Levante e do Afeganistão, e nas terras da antiga Mesopotâmia, de tradição bélica. A profecia tem seus ciclos.
Numa civilização que busca, por caminhos estranhos, o amor  que está a caminho, apenas ressoa em nosso ser o canto da profecia: “não ficará pedra sobre pedra”. E nos escombros, a nova humanidade buscará a consciência lógica de Deus para recompor o seu verdadeiro perfil, o seu verdadeiro caminho.
Os regimes de força, que anulam os direitos naturais do homem, serão banidos em todos os sistemas sociais. A paz será conhecida em sua forma original como a pureza das águas das fontes.
O amor será a essência primordial de que se nutrirá os habitantes da Terra e será doado, em pureza lirial, a todos e a todos os ambientes, em todas as horas, num tempo que não acabará nunca.
Nesse tempo, o sexo terá uma dimensão maior. Hoje, à semelhança de crianças que ainda não aprenderam a andar, numa festa de aniversário, come-se apenas a cobertura sem provar do bolo. O sexo está na alma e não apenas no corpo.  Esta será a descoberta da nova humanidade que se libertará do jugo milenar que as aparências impõem.  
Com a vibração luminosa do amor estendida por toda a superfície terrena, as camadas densas e escuras, que a envolvem, formadas pela poluição mental, serão extintas, assim como faz a vela acesa clareando o que antes era escuridão.


Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site  www.fernandopinheirobb.com.br


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