Quando o homem vislumbra os sinais dos
seus sonhos, no meio de tantas dificuldades, ele segue adiante sem temer o
futuro. E aonde for preciso ir, ele vai.
Para converter uma ideia subjetiva em
objetiva, ele encontra um desafio que
ameaça tudo aquilo que tenciona pôr em prática. Depois de ter vencido o
primeiro, outros perigos passam a ser para ele uma rotina cíclica a que já se
acostumou.
No transcurso do seu caminhar, desce,
sem decair, para preencher lacunas em cenários que lhe dizem respeito. Igualmente, ele se completa quando se associa
ao espaço que lhe é reservado pelas forças da atração que regem o mundo das
formas.
Como no fluir das águas, a energia dos
sonhos, que nasce n'alma, surge com força de expansão. Não se detém ante uma
descida e prossegue preenchendo as depressões que encontrar.
As cachoeiras são grandes saltos
encobrindo abismos. Quando a água
desce, na integridade de sua forma e conteúdo,
prossegue em níveis mais abaixo beneficiando as searas.
Assim é o homem nos seus passos em
direção das paisagens amenas. Somente nas áreas onde espalhou benefício, como
as águas, pode ver um dia os frutos
surgirem.
A ideia de que devemos ficar isolados
diante da agitação humana, com receio
de ficarmos confusos, é a mesma que se pode ter de águas
represadas num pântano. Mesmo nessas circunstâncias, a vida prossegue criando
musgos, liquens, parasitas e micróbios que enriquecem a flora.
Como o homem já atingiu uma fase de
crescimento que não dá mais para se
fixar unicamente nas regiões parasitárias, ele
ergue os olhos e vê que a natureza é muito mais.
A ideia, que vem dos seus sonhos,
entra em atrito com o mundo objetivo
onde vive e, mesmo assim, sente que é preciso
sonhar, como a água correndo que “sonha” alcançar as searas.
Ninguém pode deter a verdade. A
verdade está fragmentada em todos os setores da vida humana, não é apenas
religiosa. A busca é normal a todos que não a encontram. Nesse fluxo, no
caminho da perfeição, total ou restrita, estamos todos nós como águas correndo
para o destino dos ciclos que se renovam.
Quando percebemos a natureza de que
são feitos os nossos sonhos, todas as ameaças, desafios e perigos são
ultrapassados porque ficaram em seus lugares e nós continuamos a caminhada.
O mundo inteiro está imantado na força
da evolução. Aqueles que a percebem, dentro de si, prosseguem confiantes de que
tudo que lhes acontece, agradável ou aparentemente desagradável, tem um
objetivo estimulando seus passos.
No longo trabalho interno que faz para
montar a ponte do consciente ao inconsciente, onde o sonho tem o seu reino,
alinhando os níveis de sua personalidade (corporal, mental e espiritual), o homem vai descobrindo o que
lhe interessa em termos definitivos.
Dúvidas e receios que ele criou,
estimulado por uma educação voltada ao presente, aos poucos vão criando
consistência em obstáculos por que terá de passar. É, em outras palavras, o
impulso para decifrar a lendária inscrição da esfinge egípcia que tem profunda
identificação com o atavismo que a fera em nós
busca devorar.
É por isto que o sonho, que nasce das
fontes límpidas, deve prevalecer acima das sugestões alheias que se voltam ao
reino das emoções. O sonho é a vivência
da alma num campo magnético onde não existem amarras do plano físico, exceto
aquelas criadas em nossa imaginação ou nos hábitos a que nos acostumamos sem o
conhecimento da verdade onírica, suscetíveis a desaparecer.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br
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