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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

SINAIS DOS SONHOS

Quando o homem vislumbra os sinais dos seus sonhos, no meio de tantas dificuldades, ele segue adiante sem temer o futuro. E  aonde for preciso ir, ele vai.
Para converter uma ideia subjetiva em objetiva, ele encontra  um desafio que ameaça tudo aquilo que tenciona pôr em prática. Depois de ter vencido o primeiro, outros perigos passam a ser para ele uma rotina cíclica a que já se acostumou.
No transcurso do seu caminhar, desce, sem decair, para preencher lacunas em cenários que lhe dizem respeito.  Igualmente, ele se completa quando se associa ao espaço que lhe é reservado pelas forças da atração que regem o mundo das formas.
Como no fluir das águas, a energia dos sonhos, que nasce n'alma, surge com força de expansão. Não se detém ante uma descida e prossegue preenchendo as depressões que encontrar.
As cachoeiras são grandes saltos encobrindo abismos. Quando   a água desce, na integridade de sua forma e conteúdo,  prossegue em níveis mais abaixo beneficiando as searas.
Assim é o homem nos seus passos em direção das paisagens amenas. Somente nas áreas onde espalhou benefício, como as  águas, pode ver um dia os frutos surgirem.
A ideia de que devemos ficar isolados diante da agitação humana,  com  receio  de  ficarmos  confusos, é a mesma que se pode ter de águas represadas num pântano. Mesmo nessas circunstâncias, a vida prossegue criando musgos, liquens, parasitas e micróbios que enriquecem a flora.
Como o homem já atingiu uma fase de crescimento que não dá  mais para se fixar unicamente nas regiões parasitárias, ele  ergue os olhos e vê que a natureza é muito mais.
A ideia, que vem dos seus sonhos, entra em atrito com o  mundo objetivo onde vive e, mesmo assim, sente que é preciso  sonhar, como a água correndo que “sonha” alcançar as searas.
Ninguém pode deter a verdade. A verdade está fragmentada em todos os setores da vida humana, não é apenas religiosa. A busca é normal a todos que não a encontram. Nesse fluxo, no caminho da perfeição, total ou restrita, estamos todos nós como águas correndo para o destino dos ciclos que se renovam.
Quando percebemos a natureza de que são feitos os nossos sonhos, todas as ameaças, desafios e perigos são ultrapassados porque ficaram em seus lugares e nós continuamos a caminhada.
O mundo inteiro está imantado na força da evolução. Aqueles que a percebem, dentro de si, prosseguem confiantes de que tudo que lhes acontece, agradável ou aparentemente desagradável, tem um objetivo estimulando seus passos.
No longo trabalho interno que faz para montar a ponte do consciente ao inconsciente, onde o sonho tem o seu reino, alinhando os níveis de sua personalidade (corporal, mental e  espiritual), o homem vai descobrindo o que lhe interessa em   termos definitivos.
Dúvidas e receios que ele criou, estimulado por uma educação voltada ao presente, aos poucos vão criando consistência em obstáculos por que terá de passar. É, em outras palavras, o impulso para decifrar a lendária inscrição da esfinge egípcia que tem profunda identificação com o atavismo que a fera em nós  busca devorar.
É por isto que o sonho, que nasce das fontes límpidas, deve prevalecer acima das sugestões alheias que se voltam ao reino  das emoções. O sonho é a vivência da alma num campo magnético onde não existem amarras do plano físico, exceto aquelas criadas em nossa imaginação ou nos hábitos a que nos acostumamos sem o conhecimento da verdade onírica, suscetíveis a desaparecer.   

Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site  www.fernandopinheirobb.com.br
  

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