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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

ÍDOLOS

No decorrer dos séculos, o homem sempre procurou ídolos que lhe servissem como protótipos de sua conduta.
Havia nele uma necessidade de confirmar, junto aos seus mestres, as informações que lhe chegavam nas ondas da    inspiração. Oriundas de um plano superior à matéria, submetidas a leis que incorporam a harmonia do Universo, não precisariam de averiguação para atestar sua veracidade.
Nas esferas do sonho, o homem criou a mitologia, impregnada de deuses e ídolos superiores à sua condição humana. Nas áreas da realidade tangível, fez tronos, tribunas e pódios para personagens que se destacaram no mundo das ciências, artes e competições diversas.
Temos que reconhecer a contribuição valiosa que muitos deixaram no progresso mundial. Mas, ao lado do trigo, muito joio cresceu de maneira vertiginosa. Daí, a cultura do medo deixada por ilustres personagens sociais que tinham poder de domínio na educação dos povos.
A ética, que se alimenta dos códigos inspirados nas religiões e nas doutrinas do comportamento humano, sente-se abalada ante à realidade dos costumes de uma sociedade que busca novos rumos.
O homem se esqueceu de pensar na sua realidade transcendente e transfere aos seus companheiros de luta todo o questionamento do seu viver.
No passado, num recrudescimento do sentido religioso, o sacerdote tinha um papel maior, de confessor. Hoje, numa roupagem mais sofisticada, o psicanalista, o astrólogo e outros intérpretes de ciências ortodoxas e esotéricas são procurados, com bastante frequência, como se a resposta estivesse fora do alcance do consulente.
É necessário que o homem pare de buscar aquilo que não lhe  diz respeito. A moda atual é procurar os mais exóticos meios de se descobrir, através de terceiros. É o mesmo que alguém fosse a uma loja e pedisse um componente mecânico, sem saber para qual tipo de máquina  é destinado.
É claro que a ajuda de pessoa qualificada é sempre valiosa. Mas se o homem soubesse que dentro dele estão todas as respostas daquilo que deseja saber, sem dúvida seus passos teriam outra  direção.
É tão fácil o autoconhecimento. Basta se concentrar e deixar que sejam dissipados todos os pensamentos de preocupação da vida material. Depois, confiar nas leis do equilíbrio que estabelecem a igualdade das forças homogêneas, mantendo um clima de tranquilidade para aqueles que se encontram tranquilos.
Nos estágios de crescimento espiritual, é concebível admitir-se a existência de ídolos que despertem os sonhos e as realizações de desejos infantis. Mas chegará um dia – qual criança que se torna adolescente – seus brinquedos serão abandonados.
Todos os ensinamentos que visam o despertar da realidade imortal do homem têm um valor muito grande. Este é o trigo da  parábola do amor-não-amado por aqueles que estão sufocados  pelo joio de todas as informações que inspiram o medo.
       Se o homem soubesse, ainda, que a sua semelhança com o Criador é feita pela imortalidade da essência implantada em seu ser mais profundo, veria em tudo a vida resplandecer. Numa comparação análoga, a semente é o homem buscando ídolos, a árvore é o homem que já se identificou, dentro do mérito de seus atos, como filho do Universo.

Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site  www.fernandopinheirobb.com.br

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