No decorrer
dos séculos, o homem sempre procurou ídolos que lhe servissem como protótipos
de sua conduta.
Havia nele uma
necessidade de confirmar, junto aos seus mestres, as informações que lhe
chegavam nas ondas da inspiração.
Oriundas de um plano superior à matéria, submetidas a leis que incorporam a
harmonia do Universo, não precisariam de averiguação para atestar sua
veracidade.
Nas esferas do
sonho, o homem criou a mitologia, impregnada de deuses e ídolos superiores à
sua condição humana. Nas áreas da realidade tangível, fez tronos, tribunas e
pódios para personagens que se destacaram no mundo das ciências, artes e
competições diversas.
Temos que
reconhecer a contribuição valiosa que muitos deixaram no progresso mundial.
Mas, ao lado do trigo, muito joio cresceu de maneira vertiginosa. Daí, a
cultura do medo deixada por ilustres personagens sociais que tinham poder de
domínio na educação dos povos.
A ética, que
se alimenta dos códigos inspirados nas religiões e nas doutrinas do comportamento
humano, sente-se abalada ante à realidade dos costumes de uma sociedade que
busca novos rumos.
O homem se
esqueceu de pensar na sua realidade transcendente e transfere aos seus
companheiros de luta todo o questionamento do seu viver.
No passado,
num recrudescimento do sentido religioso, o sacerdote tinha um papel maior, de
confessor. Hoje, numa roupagem mais sofisticada, o psicanalista, o astrólogo e
outros intérpretes de ciências ortodoxas e esotéricas são procurados, com
bastante frequência, como se a resposta estivesse fora do alcance do
consulente.
É necessário
que o homem pare de buscar aquilo que não lhe
diz respeito. A moda atual é procurar os mais exóticos meios de se
descobrir, através de terceiros. É o mesmo que alguém fosse a uma loja e
pedisse um componente mecânico, sem saber para qual tipo de máquina é destinado.
É claro que a
ajuda de pessoa qualificada é sempre valiosa. Mas se o homem soubesse que
dentro dele estão todas as respostas daquilo que deseja saber, sem dúvida seus
passos teriam outra direção.
É tão fácil o
autoconhecimento. Basta se concentrar e deixar que sejam dissipados todos os
pensamentos de preocupação da vida material. Depois, confiar nas leis do
equilíbrio que estabelecem a igualdade das forças homogêneas, mantendo um clima
de tranquilidade para aqueles que se encontram tranquilos.
Nos estágios
de crescimento espiritual, é concebível admitir-se a existência de ídolos que
despertem os sonhos e as realizações de desejos infantis. Mas chegará um dia –
qual criança que se torna adolescente – seus brinquedos serão abandonados.
Todos os
ensinamentos que visam o despertar da realidade imortal do homem têm um valor
muito grande. Este é o trigo da parábola
do amor-não-amado por aqueles que estão sufocados pelo joio de todas as informações que
inspiram o medo.
Se
o homem soubesse, ainda, que a sua semelhança com o Criador é feita pela
imortalidade da essência implantada em seu ser mais profundo, veria em tudo a
vida resplandecer. Numa comparação análoga, a semente é o homem buscando
ídolos, a árvore é o homem que já se identificou, dentro do mérito de seus
atos, como filho do Universo.
Blog Fernando Pinheiro, escritor
Site www.fernandopinheirobb.com.br
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